Guerra do Iraque desafia cronograma de retirada dos EUA
Obama impôs agosto como prazo para o fim da missão de combate, mas militares em campo não vão parar na data prometida
O presidente americano, Barack Obama, estabeleceu agosto como o prazo para o fim da missão de combate no Iraque. Na proximidades de Tulul Al-Baq, em um acampamento improvisado no deserto de uma região insurgente no norte do país, uma missão está em curso e não vai parar na data prometida: soldados americanos caçam terroristas e secretamente observam um posto de controle iraquiano, formado por policiais que os soldados dizem não confiar.
"Eles não estão verificando ninguém e depois se questionam como os IED entram na cidade", disse o sargento Kelly Young, de 39 anos, de Albertville, Alabama, enquanto observava a estrada principal que liga Bagdá a Mossul, considerada a cidade mais perigosa do país. Ele se referia aos dispositivos explosivos improvisados (IED, na sigla em inglês), termo militar para bombas caseiras.
O prazo de agosto pode ser visto nos EUA como uma etapa no cumprimento da promessa de Obama de acabar com a guerra no Iraque, mas a situação em campo no país é mais complexa. Soldados americanos ainda encontram e matam combatentes inimigos, por conta própria e em parceria com as forças de segurança iraquianas, e continuarão a fazê-lo após o fim oficial das operações de combate. Mais americanos morrerão, ainda que seja um número significativamente menor do que no auge do confronto.
A retirada, que reduzirá o número de soldados americanos para 50 mil - de 112 mil no início deste ano e quase 165 mil no auge da ação militar -, é uma façanha logística que tem sido chamada de o maior movimento de equipamento militar desde a 2.ª Guerra Mundial. Ela é também um exercício de semântica.
O que atualmente os soldados chamariam de operações de combate - a caça de insurgentes, ações conjuntas entre forças de segurança iraquianas e as forças especiais dos Estados Unidos para matar ou prender militantes - serão chamadas de "operações de estabilidade". Após a redução, o Exército americano diz que o foco será a assessoria e treinamento de soldados iraquianos, oferecendo segurança para as equipes de reconstrução civil e as missões antiterroristas conjuntas.
"Em termos práticos, nada mudará", disse o major-general Stephen R. Lanza, porta-voz militar no Iraque. "Já estamos fazendo operações de estabilidade." Os americanos abandonaram os grandes combates no Iraque há muito tempo e isso é refletido no número de vítimas. Até o momento, 14 soldados foram mortos por fogo hostil e 27 por acidentes, suicídios e outras causas fora do campo de combate este ano, de acordo com icasualties.org.
Conforme os combates envolvendo americanos diminuem, milhares de itens de material bélico do Iraque foram embalados e enviados para o Afeganistão. A missão complexa e flexível de reduzir as forças enquanto se mantém a luta com uma insurgência inflamada poderia ser um modelo para o Afeganistão, onde a retirada está prevista para começar no próximo ano. No próximo verão, os americanos começam a deixar o Afeganistão e eles também provavelmente não serão capazes de parar completamente de combater ao fazê-lo.
Depois de agosto, o próximo prazo do Iraque é no final de 2011, quando todos os soldados americanos deveriam ter sido retirados do país. Mas poucos acreditam que o envolvimento militar dos EUA no Iraque acabe nessa data. Entre os oficiais militares, diplomatas e funcionários iraquianos, acredita-se que depois que um novo governo seja formado, haverá negociação para a presença de soldados em longo prazo.
"Acredito que, no Iraque, a única coisa que nós americanos sabemos com certeza é que não sabemos nada ao certo", disse Brett McGurk H., ex-funcionário do Conselho de Segurança Nacional no Iraque e atual pesquisador no Conselho de Relações Exteriores. "A exceção é o que virá quando houver um novo governo: eles vão pedir para alterar o acordo de segurança e prorrogar a data de 2011. Devemos levar esse pedido a sério."
A missão no deserto, uma base temporária de veículos blindados e uma barraca para dois pelotões, oferece um exemplo vivo do que as forças americanas ainda estão fazendo e, segundo oficiais militares, o que serão capazes de fazer após a redução de tropas.
"Eles precisam executar alguém e por isso nos enviaram", disse o major Bryan L. Logan, diretor de operações do esquadrão terceiro do Sétimo Regimento de Cavalaria, referindo-se a uma célula insurgente que plantava bombas perto da rodovia.
fonte
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/nyt/guerra+do+iraque+desafia+cronograma+de+retirada+dos+eua/n1237700617828.html
Um comentário:
As tropas serão substituidas pelas iraquianas sim , pois as trpas americanas istaladas no Iraque vão com tudo para cima do Irã, junto com a do Afegnestão, ataque pelo lado leste e oeste.... Lucinei Bueno
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