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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

SEREMOS OCUPADOS PELA OTAN

Enviada por EDU

América do Sul: Rumores de guerra e domínio pelos EUA e a OTAN
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Enrique LaColla é escritor, jornalista e professor. Desde 1962 até 1975 membro dos Serviços de Radiodifusão da Universidade Nacional de Cordoba, Argentina.

Entre 1975 e 2000 foi membro da equipa de La Voz del Interior, onde continuou a trabalhar assiduamente até Abril de 2008.

Foi galardoado em 2005 com o Prémio Consagración Letras de Córdoba, a mais alta distinção concedida pela Província ao mérito literário.
No próprio blog, Perspectivas, reflecte acerca do relacionamento entre Estados Unidos e América Central e do Sul. São reflexões amargas e preocupantes.

O Calcanhar de Ferro

O título do belo romance de Jack London é cada vez mais actual, num presente marcado pela recusa dos EUA em aceitar os limites do próprio poder e da sua avançada na realização da dominação global.

Com isso em mente devemos olhar para a divisão entre Colômbia e Venezuela e as vicissitudes da atual política latino-americana.

Os EUA reforçam a própria presença militar no Oriente Médio, rumores relacionados com o fato de que a Arábia Saudita permite a passagem de aviões israelitas sobre o seu território com a missão de bombardear o Irã; os membros permanentes do Conselho de Segurança, apertando as linha e concordam sobra a necessidade de reforçar as sanções contra esse último País; Henry Kissinger desaconselha de acompanhar a linha anunciada pelo presidente Obama para retirar tropas do Afeganistão no prazo de doze meses.

Planear uma tal coisa, de acordo com o ex-secretário de Estado, significa a criação de um dispositivo para a derrota, uma vez que, para atingir os objetivos da aliança ocidental na área, o público deve estar preparado para enfrentar uma longa guerra. Mais palavras, menos palavras, o próprio conceito de “guerra infinita” preconizada por George W. Bush. Em última análise, trata-se de criar num contexto “previsível” uma situação de crise generalizada do sistema capitalista, contexto que assegure o controle das fontes de energia e uma implantação militar agressiva contra os poderes que poderiam ser transformados em elementos para compensar o poder militar e o controle dos mercados do Ocidente: a Rússia e, principalmente, China.

São dados preocupantes que falam da crescente instabilidade de um mundo atravessado pelos ventos da crise econômica e pelo dinamismo militar dos EUA. Os desastres previstos com este curso no futuro não parecem relevantes para quem planeia ou para os economistas, preocupados em manter o status quo, mesmo que para isso seja necessário apertar o torniquete duma situação já saturada de vapores explosivos .

América Central e América do Sul



Neste quadro obscuro encaixa-se outro elemento que nos toca de perto porque confirma a constatação de que os Estados Unidos voltaram a atacar a América Central e do Sul. A autorização que o Congresso e o Governo da Costa Rica têm entregue a Washington para usar o País como um espaço aberto para a implantação substancial dos militares norte-americanos, é mais um dado que confirma a decisão do Pentágono em consolidar a sua posição no istmo da América Central e nas zonas circundantes. Isto implica que os EUA tencionam voltar a acompanhar ativamente a situação na parte sul do Hemisfério Ocidental.

Movimento Centro-Esquerda Sulamericano

Recentemente, por causa dos compromissos em outras partes do mundo, os EUA tinha deixado um pouco de lado essa linha, mas agora o movimento do centro-esquerda, que surgiram no subcontinente durante este tempo, pode começar a enfrentar dificuldades ainda maior do que as enfrentadas no passado.

Nem o Departamento de Estado nem o Pentágono, nem a CIA foram capazes de engolir esses governos, embora ao longo dum certo período tivessem sido mais conciliantes. É sabido que a Casa Branca reserva sempre uma grande atenção às sugestões que vêm dos serviços da diplomacia, intelligence e poder militar. Agora há a sensação de que chegou o momento para Washington começar a “pôr ordem” nesta parte do mundo, com veemência particular nas Caraíbas. Porque, se o que está em preparação no Oriente Médio finalmente acontecesse, ou até transformar-se em algo de ainda maior, seria conveniente para Washington poder confiar numa retaguarda “tranquilizada”, ou pelo menos em condições susceptíveis de ser forçada a obediência com ameaças ou com uso da força militar.

Nestas bandas não haverá tumultos em massa, mas algumas das mais duras áreas do establishment político-militar norte-americano preferem a subordinação automática aos pedidos de diálogo entre Estados soberanos. Em Washington, já não era vista bem (Hillary Clinton dixit) a manobra brilhante de Lula para propor-se como mediador no conflito com o Irã.

Quarta Frota dos EUA

Mas voltando ao assunto principal, a mão pesada do império faz-se sentir. A reativação da Quarta Frota, o golpe em Honduras, as sete ou mais bases dos EUA hospedadas na Colômbia de Uribe, as manobras contra Chávez, a zona franca que a Costa Rica cedeu ao Exército dos Estados Unidos, são os sinais muito eloquentes. Neste caso,segundo Atilio Borón, dezenas de navios de guerra com equipamentos e helicópteros, além de cerca de 7.000 fuzileiros navais, estão agora começando a desembarcar ou a transitar livremente neste País latino-americano, com a paz extrema resultantes da aceitação do Costa Rica do direito de extraterritorialidade em matéria judicial, que irá beneficiar os hospedes da América do Norte.

A razão dada para esta como para a implementação de forças maiores, é a luta contra os cartéis da droga. Ridícula desculpa, pois nesse caso não prestam nem os aviões, nem os tanques, nem os milhares de soldados para realizar um trabalho que pode ser tratado pelas forças especiais. O objectivo, todos sabemos, é nada mais do que militarizar a região latino-americana para garantir o controlo total da área.

A Divisão dos Blocos

A América Latina já está dividida entre Países e governos cheios de pretensões que apontam para uma autonomia regional integrada, como Argentina, Brasil e Venezuela, e outros, incluindo Colômbia, Peru, Panamá, Chile, México, Honduras e Costa Rica, que reafirmam os laços com os Estados Unidos.

Temos de lidar com este cenário e preparar, mentalmente e na prática, para resistir ao mau tempo que vai durar certamente mais dum inverno.

Bases Militares da OTAN na América do Sul

Este artigo apresenta uma visão mais abrangente da coordenação militar dos EUA e do Reino Unido na região sul-americana. Nos últimos dois anos, os analistas locais destacaram a presença norte-americana, sem nunca mencionar uma das maiores bases militares pertencente aos EUA (Southern Command), e sem reconhecer o papel e a complementaridade que as mesmas têm numa perspectiva histórica e factual em relação à presença militar britânica na nossa terra e nas nossas águas.

Neste primeiro trabalho, apresentamos apenas a localização de todas as bases (atuais e históricas), deixando para sucessivas ilustrações a análise específica do Conselho de Segurança da UNASUL [a zona de livre comercio da América do Sul, NDT], a análise dos Ministérios da Defesa da região, os seus principais sucessos e fracassos.

Tomando como ponto de partida a pesquisa realizada pela equipa jornalística da Telesur e com a informação oficial do Reino Unido e do Comando Sul dos Estados Unidos, desenvolvi o seguinte diagrama que mostra todas as bases militares da OTAN, atualmente presentes na América do Sul.

Base Militar

Localização

Invasor

Órgão Militar Superior

Malvine

Argentina

GB

OTAN

George

Argentina

GB

OTAN

Sandwich

Argentina

GB

OTAN

Tristán de Cuña

Oceano Atlantico

GB

OTAN

Santa Helena

Oceano Atlantico

GB

OTAN

Ascensión

Oceano Atlantico

GB

OTAN

Estigarribia

Paraguay

USA

OTAN

Iquitos e Nanay

Perú

USA

OTAN

Três Esquinas

Colômbia

USA

OTAN

Larandia

Colômbia

USA

OTAN

Aplay

Colômbia

USA

OTAN

Arauca

Colômbia

USA

OTAN

Tolemaida

Colômbia

USA

OTAN

Palanquero

Colômbia

USA

OTAN

Malambo

Colômbia

USA

OTAN

Aruba

Antílhas

USA

OTAN

Curaçao

Antilhas

USA

OTAN

Roosevelt

Puerto Rico

USA

OTAN

Liberia

Costa Rica

USA

OTAN

Guantánamo

Cuba

USA

OTAN

Comalapa

El Salvador

USA

OTAN

Soto Cano

Honduras

USA

OTAN

IV flotta

Oceano Atlantico y Pacifico

USA

OTAN

.

video

http://www.youtube.com/watch?v=2ySt1N7abG8&feature=player_embedded



A OTAN é um tratado de armamentos para a proteção e a cooperação político-militar-econômica entre os Estados-Membros. Foi criada no clima da Guerra Fria e o seu homologo oriental é o Tratado de Varsóvia. A OTAN é completada pelos Países da Europa Ocidental, os Estados Unidos e o Canadá. Esta organização militar multilateral nos últimos anos tem concentrado os próprios recursos para fazer incursões militares em Países não membros. Lembramos que o apoio americano ao Reino Unido em 1982 teve origem daqui.

Brasil como alvo da vigilância da Quarta Frota



É importante observar com atenção o esquema das bases da OTAN, pois a sua visão parcial corta a análise, o foco de atenção e também porque constitui o fator mais importante, corta na direção das recomendações sobre as políticas de defesa Regional. Por exemplo, aqueles que se concentram nas novas bases americanas na Colômbia, observam de forma extremamente clara que, com a política de comunicação social da América do Norte, as bases têm como objetivo o Venezuela. Outros nomeadamente aqueles que complementam esta análise com a localização da Quarta Frota, porém, indicam que o centro é o Brasil.

Em qualquer caso, tanto a liderança venezuelana como a do Brasil estão a trabalhar para melhorar e atualizar os próprios equipamentos, navios e despesas militares para adequar-se às circunstâncias e às bases que os cercam. Mas outros Países da região não devem ficar satisfeitos com esta análise, em particular a nossa república Argentina, pensando que só os citados possam ser alvos dum ataque. Como observa Lacolla (“Do Afeganistão à Malvinas”), estão a explorar os nossos recursos, principalmente o petróleo, sucessivamente terão como objetivo a água. Mas atualmente, a maioria das análises geopolíticas, incluindo as do Conselho de Defesa da UNASUL, têm ignorado nos seus estudos sobre a região as bases militares no Reino Unido.

O tipo de configuração que o evento exige não só serve para considerar-las, mas também para saber qual é a coordenação histórica e factual do Reino Unido, juntamente com as dos Estados Unidos. Para esta região, uma análise adequada não deve tratar exclusivamente das bases na Colômbia, mas continuar com os mesmos olhos e observar todas as bases militares da OTAN que, é claro, têm um alvo. O que não é tão pequeno como podem ser dois Países e algumas ilhas com um pouco de petróleo. O alvo é a América do Sul (e os seus recursos), mas a miopia dos dirigentes ou sectores supostamente representativos da nossa sociedade que ignoram as advertências pode tornar-se muito caro em curto prazo.

Por seu lado, o Comando Sul, mais conhecido como a Quarta frota, complementa as anteriores enclaves imperialista e é uma espécie de mega base móvel, é uma complexa combinação de porta-aviões e navios de guerra em torno da América do Sul. No mapa sobre as bases, outro mapa é sobreposto com as palavras “Southern Command Area Focus”; é o mapa oficial do Senado dos Estados Unidos, é o local onde navegam (em águas internacionais, mas não sempre), os navios de guerra do País de Obama.

A Quarta Frota teve a sua origem durante a Guerra Fria para impedir a ideologia antiimperialista que floresce como a eritrina na nossa terra, porque reação natural de autodefesa de qualquer sociedade atacada. Ou seja, de acordo com a margem de cada apresentação diplomática, estes navios exercem a função de repressão de qualquer manifestação antiimperialista na região.

O que deve ficar claro é que alguns Países latino-americanos estão a tomar medidas para salvaguardar não só os próprios recursos, mas também para proteger-se.


Fontes:

http://geopoliticaargentina.wordpress.com/bases-militares-de-la-otan/

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