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quinta-feira, 1 de maio de 2008

CAÇADA ILEGAL, CRIME CONTRA A HUMANIDADE NÃO APENAS CONTRA OS ANIMAIS

Tiro al bersaglio: começa a temporada de caça no estreito de Messina

28.04.2008 Fonte:
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Páginas: 123

Entre outras ameaças aos falcões, além da perseguição humana através da caça furtiva está a alteração dos hábitats naturais através da fragmentação e contaminação, destruição de florestas autóctones, incêndios criminosos que destoem ecossistemas e biótopos de nidificação, a agricultura extensiva que com a erradicação de grandes áreas florestais reduzem os hábitats destas espécies, a colisão e eletrocussão em linhas de distribuição de energia, uma vez que muitas destas espécies utilizam frequentemente apoios elétricos como pouso e dormitório. Infelizmente, no nosso planeta, grande parte da biodiversidade está desaparecendo, e as espécies mais ameaçadas de extinção são aquelas presentes no topo da pirâmide, espécies com dificuldades de dispersão, espécies endêmicas, migratórias e com hábitos gregários.


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Muitas das aves que conseguem cumprir a viagem migratória são vítimas da captura ilegal realizada através de estratégias cruéis. Debilitadas pela longa viagem, as aves são atraídas às armadilhas através de iscas. Na captura, inevitavelmente pernas e asas são quebradas. Aprisionadas, estas aves são acomodadas em grande número em recintos pequenos, fechados e sem comida. Desta forma são transportadas até os centros de comércio ilegais, onde são vendidas como animais de estimação ou para a alimentação, no consumo familiar e oferecidas em restaurantes. Estas aves são fontes de renda ilegítima e não tributável.

Numa manhã, em algum lugar da Escandinávia, um garoto encontrou um Grou (8), ave também migratória e ameaçada de extinção. Este Grou estava com os olhos vazados a chumbo e as asas partidas. Este achado provocou um processo, pois o veterinário chamado para cuidar da ave se recusava a tratá-la, pois era expressamente proibido por Lei tocar num Grou. O animal, que resistira à carga de chumbo de um caçador furtivo, quase morreu nas malhas da burocracia, até que um jardim zoológico finalmente foi autorizado a aceitá-lo. Mais tarde, apanhando-se uma fêmea igualmente estropiada, juntaram-se os dois inválidos.

Depois de vários anos de união, a Grou pôs finalmente alguns ovos, a imprensa e o rádio dedicaram ao acontecimento uma atenção que outrora só se reservava ao nascimento de um herdeiro ao trono. Levantou-se uma torre apropriada, para se observar com binóculos o que se passava no ninho. Como para zombar da perversidade dos homens, o filhote que chegou a sair da casca perdeu-se no pântano, onde talvez tenha sido vítima dos numerosos inimigos destas aves. Através de milhões de anos de experiência, os animais habituaram-se a ver perecer mais de noventa por cento dos filhos. É, pois, quase impossível que um filhote único na natureza livre atravesse a zona perigosa da primeira idade. Não se reparam tão facilmente velhos pecados.

Leonardo escreveu: “chegará o dia em que os homens conhecerão o íntimo dos animais, e nesse dia, um crime contra um animal será considerado um crime contra a humanidade." São passados cinco séculos desde que um dos maiores sábios que a humanidade já conheceu nos deixou esta frase. Hoje, são milhares as pessoas envolvidas em todo o mundo no tráfico e na caça furtiva de animais silvestres e na destruição sistemática dos seus ambientes naturais. No entanto, alguma esperança reside na evolução cultural das próximas gerações, talvez mais atentas aos problemas ambientais.

Nomes científicos das espécies citadas o texto: (1) Circus aeruginosus; (2) Milvus migrans; (3) Falco naumanni; (4) Buteo rufinus; (5) Falco tinnunculus; (6) Falco peregrinus; (7) Ciconia ciconia; (8) Grus grus.

Fabio Rossano Dario

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