Cientistas tentam desvendar relação entre terremotos recentes
Apesar de algumas evidências sugerirem que esses terremotos possam estar relacionados, pesquisadores afirmam que uma conexão entre esses eventos ainda não foi cientificamente comprovada.
O número de terremotos no globo é relativamente constante – embora flutuante. É o que diz Wolfgang Friederich, professor de geociências na Universidade do Ruhr, em Bochum.
Dados estatísticos o Instituto de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos mostram que, na última década, o número de abalos sísmicos de magnitude 7 a 7.9 permaneceram estáveis – uma média de 13 por ano.
No mesmo período, foram registrados quatro terremotos que chegaram a 8 e 9,9 pontos. E a quantidade de pequenos abalos medidos é praticamente infinita, segundo Friederich.
Coincidência ou conexão?
O pesquisador da Universidade do Ruhr revela que alguns modelos sismológicos e cálculos matemáticos mostram um aumento de estresse em outras partes do mundo depois que um terremoto é registrado.
Esse fato, combinado com dados estatísticos, criaram uma teoria: um grande terremoto – como os recentes em solo haitiano e chileno – pode atenuar o estresse em algumas partes de uma placa tectônica e, ao mesmo tempo, aumentar em outras. O fenômeno teria potencial para causar um terremoto seguido em outra parte do mundo.
"O problema é que você tem que provar que não é uma coincidência, o que é muito difícil", alega Friederich.
Alguns cientistas dizem ter convicção de que, depois de um terremoto, o estresse é redistribuído para outros pontos da placa tectônica. Mas relacionar o efeito a um segundo terremoto, ou a um abalo mais tardio, não é tão fácil.
Reiner Kind, pesquisador do GFZ, Centro Alemão de Pesquisas para Geociência, concorda. "Ninguém conseguiu provar com sucesso, até agora, que terremotos registrados em uma parte da placa estejam ligados com terremotos em outra parte da placa."
Métodos de detecção
Um dos fatores que pode ter contribuído para a percepção de que o número de abalos sísmicos esteja aumentando é o aprimoramento dos métodos de detecção. "Nas últimas décadas, a sismologia fez um grande progresso", reconhece Reiner Kind.
Há trinta anos, pontua Kind, as gravações eram feitas ainda em papel e existiam poucas estações no mundo que faziam medições. Atualmente, há muito mais estações com equipamentos digitais à disposição – cientistas podem gravar imediatamente qualquer terremoto em qualquer lugar do mundo.
"Dez minutos depois que um abalo acontece, nós sabemos onde foi e quão grande ele foi", diz Kind. O pesquisador também afirma que se há ruptura numa falha, ele deve romper novamente – mas os cientistas ainda não sabem dizer quando o próximo terremoto ocorrerá e qual será a sua intensidade.
Círculo de fogo
A Terra é formada por camadas sucessivas, de densidades diferentes, que aumentam da superfície para o centro. As principais são a crosta, o manto e a núcleo.
A crosta é a camada superficial da Terra, e o manto apresenta subdivisões como a litosfera e a astenosfera: a litosfera faz contato com a crosta e é sólida, enquanto a astenosfera é uma camada de rocha derretida.
As placas tectônicas apresentam uma densidade menor e por isso as placas "flutuam" no magma da astenosfera que é tão quente que se apresenta derretido. E essas placas se movem e contêm falhas que permitem o contato entre elas – a maior parte dos terremotos acontece ao longo dessas falhas.
"As placas podem se mover horizontalmente ou verticalmente, de uma forma que uma placa se move por baixo da outra", explica Friederich. "O movimento das placas podem ser também mistos, na vertical e horizontal."
A maioria da atividade sísmica do mundo acontece numa área do Pacífico conhecida como círculo de fogo. A região tem o formato de ferradura e circunda a costa do oceano Pacífico que ao longo da Nova Zelândia, Japão, Alasca e Chile.
Outra área conhecida por terremotos fortes fica na crista oceânica do Atlântico e a Falha de San Andreas, na Califórnia.
Fonte: Deustch Welle
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