Sauditas e os problemas da mente

Sauditas culpam frequentemente doenças mentais aos efeitos de forças sobrenaturais

EDU DALLARTE

Um grande número de sauditas atribui a culpa das doenças mentais aos efeitos de gênios ou do mau-olhado, disse Suleiman Al-Zaydi, psiquiatra e diretor de relações públicas e informação do Hospital Al-Amal, em Jeddah.

"Cerca de 80 a 90 por cento da nossa sociedade não acredita na existência de doenças mentais. Eles não aceitam o fato de que as pessoas ficam psicologicamente doentes e atribuem essas condições aos gênios, mau-olhado ou magia negra ", disse Al-Zaydi.

Ele acrescentou que as famílias daqueles que são doentes mentais tentam tratá-los através de meios espirituais, como a recitação do Corão, antes de levá-los para hospitais psiquiátricos. "Isso, no entanto, prejudica o processo de diagnóstico e tratamento adequado", acrescentou.

Ele admitiu que as doenças mentais são difíceis de diagnosticar e tratar em relação as doenças físicas, principalmente devido à ausência de aparelhos que podem identificar com precisão os problemas.

"Há raios-X, ECG, endoscopia, ultra som, scanners, ressonância magnética e outras técnicas que tornam mais fácil para os médicos a identificação de doenças físicas e determinar a melhor maneira de tratá-las. No entanto, não há nenhum aparelho para identificar doenças mentais ", disse.

Al-Zaydi também disse que a palavra "louco" não deve ser usado para descrever aqueles que sofrem de transtornos mentais. "A palavra loucura nunca é usada em dicionários médicos. Ela não tem raízes científicas e médicas ", acrescentou.




Fonte: Arab News

Homem saudita prende filho "possuído" no porão de casa por seis anos

Turki, 29 anos: acorrentado no porão a seis anos por "possessão"

Um homem saudita está preso no porão de casa por mais de seis anos, porque seu pai acredita que ele está possuído por um gênio feminino do mal.

"Quando ele tem ataques, tem convulsões e revira o corpo inteiro, seus olhos ficam completamente brancos", disse o pai do homem de 29 anos de idade que foi identificado apenas como Turki.

"Então a voz de uma mulher pode ser ouvida vindo dele". Quando Turki começou a se comportar de modo bizarro, seu pai o levou para clérigos muçulmanos locais que recitaram o Corão em cima dele.

"Mas a maioria ficou assustada quando ouviu a voz de mulher dizendo que ela era um Jinn (gênio), e que ninguém poderia exorcizá-la, a menos que Turki morresse", disse o pai.

Um clérigo aconselhou a acorrentar os braços e os pés de seu filho e ler o Corão para ele."Nós fizemos isso. Meu filho ficou quieto, mas está totalmente alheio ao que está acontecendo ao seu redor. "Ele não fala, e agora é incapaz de prejudicar alguém", disse o pai de Turki a Arab News.

Mas gênios, ou jinn, na teologia islâmica podem ser muito mais sinistros. Alguns são bons, outros ruins. Uma família saudita no ano passado levou um "gênio" ao tribunal, acusando-o de roubo e assédio.

Foi dito que o gênio atemorizava as crianças, atirando pedras, roubava celulares e falava com vozes masculinas e femininas.

Turki vive no subsolo de um pequeno apartamento de dois quartos, com sua mãe e seus três outros irmãos, na cidade sagrada de Meca. Eles sobrevivem com o seguro social. Seus pais se divorciaram antes de ter sido "possuído".

O pai de Turki diz que ele próprio foi atacado por um gênio na idade de nove anos e sofreu por mais de quatro décadas, até que foi exorcizado por um clérigo."Eu costumava ver uma mulher que às vezes parecia muito bonita e às vezes muito feia", disse ele. "Em algumas ocasiões ela aparecia cercada por fogo, e em outras, com características animalescas".

Um ativista dos direitos humanos saudita e professor da Sharia (lei islâmica) que visitou Turki encontrou-o em um "semi-coma". Muhammad Al-Suhali disse que Turki não sabia o que estava acontecendo ao seu redor."Ele não podia comer, beber ou usar o banheiro sem a ajuda dos outros".

O professor acrescentou que quando começou a ler alguns versículos do Corão, Turki ficou furioso e se agitou até quase cair da cama.

"Quando parei de rezar, ele calou-se novamente, mas estava distante e sem saber o que estava acontecendo ", disse Suhali a Arab News.

Ele elogiou a jovem esposa de Turki por ficar com ele, apesar de sua condição assustadora. Suhali pediu ao Ministério dos Assuntos Sociais Saudita para proporcionar uma acomodação melhor à família, e incluir Turki em seu programa de segurança social.

Fonte: Daily Mail

Voluntários se oferecem para tratar de homem "assombrado"

Um estudioso islâmico, um psiquiatra e um curandeiro espiritual que usa o Corão para tratar pessoas possuídas por gênios, se uniram para ajudar Turki, um saudita de 29 anos que está preso em uma cama por mais de seis anos, e que de acordo com seu pai, foi possuído por um gênio do sexo feminino.

O pai de Turki disse que os três homens são Muhammad Al-Suhaili, professor da Sharia na Universidade Umm Al-Qura, Dr. Rajab Bersali, um psiquiatra do Hospital Mental Hira, e Ahmad Al-Shahrani, um curandeiro espiritual.

Os três homens conheceram o pai de Turki no escritório da Arab News em Meca, onde eles discutiram como vão tratar o homem de 29 anos, espiritualmente e com modernos meios médicos.

Al-Shahrani disse que reuniu-se com os outros dois homens no apartamento de Turki para avaliar a sua condição e decidir a melhor maneira de ajudá-lo. "Depois de examiná-lo, ficou claro que Turki foi afetado por um gênio do sexo feminino e também pelo olho do mal", disse .

Durante a visita, Al-Shahrani falou com o gênio e pediu para que parasse de atormentar Turki, aceitar o Islã e temer as conseqüências de suas ações.

Em seguida, ele recitou versos do Corão e pegou um pouco de azeite com ervas. O óleo foi espargido sobre Turki, que imediatamente pareceu relaxado.

"Isso vai aliviar o sofrimento. Eu estou confiante de que ele pode ser tratado, embora possa levar meses. Uma vez que o gênio saia, Turki vai precisar de ajuda psiquiátrica ", disse.

Dr. Bersali disse que aparentemente Turki é esquizofrênico e mentalmente perturbado. "Eu acredito fortemente que a cura espiritual de Al-Shahrani vai ajudá-lo".

"Depois que for feita, nos concentraremos em ajudá-lo a superar sua experiência, e trata-lo da esquizofrenia ", disse ele.





Fonte: Arab News