G20: Senhores e Mordomos
Posted: 21 Nov 2010 04:51 PM PST
É tempo de fazer um resumo.
Por isso vamos falar do G20.
As grandes ideias de Seul
A cimeira de Seul, foi quase uma reunião do mordomos. Pena, tivessem sido convidados os chefes também a coisa teria sido muito mais interessante.
E quem são os chefes? Os vinte bancos mais poderosos do mundo.
É perfeitamente inútil falar de economia, sobretudo da actual economia, sem ter em conta os planos das instituições económico-financeira.
Sem eles, qualquer reunião acaba por ser um conjunto de boas intenções e nada mais. Isso foi Seul.
Os Países mais industrializados querem implementar medidas para sanar a actual crise.
Em primeiro lugar, relançar o mundo do trabalho, com estímulos para que as economias voltem a funcionar.
Boa ideia.
Boa ideia.
Mas como? Com o consumo. E aqui começam os problemas.
Quem pode consumir?
Os Europeus? Nem pensar.
Os Americanos? Ainda menos.
A realidade é que os consumidores já não moram aqui, mas do outro lado do planeta: Pequim, Deli, Brasília, Moscovo, Jacarta. São estes os mercados vivos. Bruxelas e Washington são um campo de destroços.
Mas isso significa redesenhar a geografia económica e politica do mundo. Nada menos.
Já não pode ser o cidadão americano o umbigo do planeta. O consumo global tem que ser reorientado, com base nas necessidades do cidadão sul americano ou asiático.
Ao mesmo tempo, é preciso redefinir as regras. E a primeira das regras só pode ser uma: a dívida não pode constituir o motor dos novos mercados. Caso contrário, em breve a crise iria apresentar-se outra vez.
Uma mudança épica que irá condicionar o futuro do globo nas próximas décadas. Mudança na economia, na política, no estilo de vida, na nossa maneira de ver o mundo. Os tiques egocêntricos dos Estados Unidos e Europeus serão grandemente redimensionados num processo natural e inevitável.
Natural, inevitável mas não indolor.
As escolhas dos Senhores
Observem o seguinte esquema:
Valores do património em milhões de Dólares
Como é possível constatar, estas são as 20 maiores instituições financeiras do mundo.
Primeira consideração: todas pertencem ao mundo ocidental. As únicas duas asiáticas são do Japão, isso é, dum País ligado desde o fim da II Guerra Mundial à economia ocidental.
Isso põe uma questão: qual será a atitude destas entidades perante a redefinição da economia e da geopolítica mundial?
Esta pergunta pode até parecer um anacronismo, pois falamos de instituições que na realidade já operam à nível global com as sociedade controladas ou mesmo com filiais.
Mas uma coisa é operar em outros Países ou continentes, outra coisa é ver completamente deslocado o próprio centro de interesse.
A seguir: estas instituições juntas apresentam um património de 36.425 milhões de Dólares.
Para ter uma ideia do que isso significa, é suficiente lembrar que o Produto Interno Bruto (PIB, o total da riqueza produzida) do mundo é de 60.000 milhões de Dólares. Estas 20 instituições controlam 70% da riqueza produzida num ano num inteiro planeta.
Este dois dados, a localização e o poder económico, fazem facilmente entender a razão pela qual o G20 de Seul foi na realidade uma reunião de políticos que pouco podem decidir (e pouco, de facto, decidiram), pois as escolhas são condicionadas pelas atitudes de quem gere os cordões da bolsa.
E este "quem" não fica à espera das opiniões tomadas por alguns políticos em visita na Coreia.
Bem pelo contrário.
Ipse dixit.
Fonte: Limes
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