EDU DALLARTE
Obama perde. E mal.
Nenhuma surpresa: Barack Obama perde, e mal.
Neste gráfico a visão geral:
Em vermelho os votos dos Republicanos, em azul os dos Democratas.
E a seguir a comparação com os resultados das eleições anteriores:
Os Democratas conseguem não entregar o Senado, graças à presencia de dois independentes (em verde), mas isso é tudo.
A Câmara passou nas mãos dos Republicanos assim como a maioria dos governadores: há ainda algumas dúvidas acerca do número exacto, pois 7 Estados não anunciaram o vencedor. Mas a situação é já clara.
Barack Obama paga culpas suas e não suas. O problema é que as "não suas" são bem poucas.
A crise na qual precipitou a economia dos Países ocidentais eclodiu na altura da sua nomeação como Presidente; objectivamente, teve pouco tempo para preparar medidas idóneas.
Mas entretanto passaram dois anos. E significativo é um pormenor: de Obama lembramos os discursos, bonitos; mas quais acções em campo económico? A Administração deveria (em teoria) orquestrar com a Federal Reserve uma politica de defesa e retoma, mas a impressão é que o banco central dos Estados Unidos trabalhe por conta própria.
Muitos americanos são contrários ao anunciado Quantitative Easing 2: qual a posição do Presidente acerca deste assunto?
Por isso é normal a dúvida: quem dirige a economia dos Estados Unidos nesta altura? A figura do Obama neste campo parece bem pouco incisiva. E isso numa altura em que muito Americanos perderam o trabalho, as casas e agora estão perto de ver as próprias poupanças corroídas.
Ao navegar nos blogs dos Estados Unidos, é fácil encontrar queixas acerca dum problema bem conhecido na Europa também: os EUA não produzem, muitas das empresas deslocaram as unidades produtivas na Ásia. Quais as medidas para travar tal hemorragia? Nenhuma.
E agora os Estados Unidos descobrem que já não podem subir o tom da voz na Ásia: a China não deixa.
Este foi um processo começado há muito, mas tornou-se evidente agora, com a crise económica. E o actual Presidente bem pouco fez (e bem pouco poderia ter feito, verdade seja dita).
Barack Obama não ficou bem na fotografia do Golfo do México também: muito, demasiado tempo antes do problema estar resolvido, com medidas equivocas no que diz respeito à exploração petrolífera off shore.
No social, destaque para a reforma do sistema de saúde. Mas o que para o resto do mundo pode ser um grande sucesso, para os Americanos pode não ser: e, de facto, muito não gostaram e continuam a não gostar da reforma.
Obama, Prémio Nobel da Paz, tinha prometido algumas coisas acerca das guerras: o fim da intervenção no Iraque e um menor número de efectivos no Afeganistão.
No Iraque a intervenção americana oficialmente acabou; mas é verdade que Obama completou um retiro já começado pelo antigo presidente Bush.
No Afeganistão os efectivos não diminuíram, pelo contrário. Não só os soldados aumentaram, mas também as despesas. E uma solução aparece longe, muito longe.
Nem no Médio Oriente as coisas parecem melhores: o Irão continua alegremente o seu programa nuclear, enquanto o dialogo de paz entre Israel e Palestinianos não avança.
Verdade que o Americano médio está a marimbar-se com a política no estrangeiro: mas um eventual bom resultado poderia ter aumentado o prestigio do Presidente.
A última nota para a politica interior dos Estados Unidos.
Muitos Americanos estão fartos do actual modelo federal, em verdade pouco federal e bastante centralizador em alguns aspectos (principalmente o fiscal). O fenómeno Tea Party, republicano, é significativo neste sentido e pode representar só a ponta dum bem maior icebergue: até agora Barack Obama escolheu, nos factos, ignora-lo e a impressão é que as consequências podem ser vistas nos resultados acima apresentados.
Ipse dixit.
Fontes: The New York Times, USA Today
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