Localizado no interior do Amapá, "Stonehenge brasileiro" ainda é desconhecido do público Pouca gente sabe, mas o Brasil também possui um monumento comparável a Stonehenge, o famoso círculo de pedras do sul da Inglaterra. O local abrigava cerimônias durante o solstício (entre os dias 21 e 22), quando a disposição das pedras permite observar o percurso do Sol. Os pesquisadores acreditam que a data era especial para os índios. "É um período marcado pela chuva, que muda completamente a paisagem, trazendo alimentos em abundância", explica o arqueólogo João Saldanha, do Iepa (Instituto de Pesquisas Cientificas e Tecnológicas do Estado do Amapá). Lá, também, eram enterradas personalidades importantes para a tribo, segundo o pesquisador. "Há outros monumentos menores, na área, mais modestos, provavelmente para o sepultamento de pessoas menos importantes", conta Saldanha. As técnicas para construção desses monumentos é ainda desconhecida. "Em todo o mundo há estruturas como essas", observa o Saldanha, para quem o termo "Stonehenge brasileira" tira a originalidade do local. O círculo de pedras britânico, aliás, é bem mais antigo - tem cerca de 4,5 mil anos. Esquecimento As primeiras observações arqueológicas da região foram feitas no fim do século 19 pelo naturalista Emilio Goeldi (1859-1917) . Depois, o etnólogo alemão Curt Nimuendaju, na década de 20, registrou alguns megálitos de menor porte no local. Por muito tempo, o sítio ficou esquecido. Só em 2005 é que voltou a despertar o interesse do governo, e hoje o órgão responsável pela preservação do lugar é o Iepa (Instituto de Pesquisas Cientificas e Tecnológicas do Estado do Amapá), que desenvolve um projeto a fim de detectar os hábitos daqueles povos. Diversos objetos de cerâmica já foram descobertos no local. As peças - potes, bacias, vasos, pratos e tigelas - têm um estilo parecido ao encontrado em sítios do litoral do Amapá e também da Guiana Francesa. A tese dos pesquisadores é que a violência dos invasores europeus, no século16, fez com que esses povos procurassem refúgio em outras áreas, menos acessíveis aos colonizadores. O arqueólogo diz que já existe um projeto em andamento para transformar a área em parque arqueológico. Hoje, o local pode ser visitado apenas por estudantes, pesquisadores da área e grupos interessados em conhecer civilizações passadas. "A ideia é construir um museu e um laboratório para permitir que as pessoas vejam como é o trabalho dos arqueólogos", adianta. Fonte: UOL |
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